Felino chegou à clinica com 5 meses apresentando diarréia pastosa e fétida.
Proprietário relatou que animal havia comprado de um gatil há mais ou menos 1 mês.
Feito exame de fezes pelo método de WILLIS,e SACAROSE.
NO EXAME DE SACAROSE FORAM OBSERVADOS CISTOS DE GIÁRDIA.
cistos de giárdia pelo método de sacarose.
Foi receitado giardicid (metronidazol+sulfa)por 15 dias.
Animal voltou 1 mês depois com ruídos respiratórios, secreção nasal purulenta, estertor pulmonar.
Foi receitado synulox e realizado HEMOGRAMA,o qual:
na série vermelha não apresentou alterações
proteinas totais resultaram em 8,2g/dl(6-8),
e na série branca;
os leucócitos totais estavam 10.700/mm3
não tendo alterações significativas na contagem do diferencial e alterações morfológicas.
contagem plaquetária:500.000/mm3 (280-680.000)
Dois meses após,animal voltou à clinica com lesões crostosas no dorso, os pêlos eram facilmente removidos e também apresentava pododermatite em membro posterior direito.
Foi coletado uma pequena amostra para CULTURA DE FUNGOS.
Após cerca de 21 dias houve crescimento de Microsporum sp.
Observados em microscopia a presença de macroconídeos de Microsporum (DERMATOFITOSE).
Receitado Cetoconazol por 60 dias e banhos com xampu anti-fúngico.
Alguns dias após animal voltou com a mesma queixa e disse que não havia iniciado tratamento.
Havia várias lesões crostosas eritematosas com contaminação bacteriana.
Receitado Baytril por 10 dias e explicado sobre importância do tratamento anti-fúngico.
Um mês depois,animal voltou com intensa secreção nasal purulenta,dificuldade respiratória e estertor pulmonar.
Receitado Synulox de novo por 15 dias + aplicação de INFERVAC.
Feito também inalação por 15 minutos.
Cinco meses depois, animal retornou com piodermatite generalizada!
Realizado aplicação de INFERVAC+antibiótico de longa duração (Penikel).
Receitado novamente banho com xampu e Baytril por 15 dias.
Uma semana depois,proprietário retornou à clínica,e foi aplicado INFERVAC novamente e receitado ITL por 30 dias.
Quinze dias depois animal voltou com secreção purulenta nasal e ocular, dificuldade respiratória e estertores pulmonar.
Aplicado amoxicilina + bissolvon+antiinflamatório não esteroidal (AINE-ketofen).
Feito novamente inalação e encaminhado para internação.
Realizado HEMOGRAMA;
Série vermelha:
não houve alterações dignas de nota, e
as proteinas plasmáticas totais eram agora de 9,4g/dl (6-8g/dl)!!
Série branca, agora os leucócitos totais estavam,
27.600/mm3
diferencial de
neutrófilos segmentados: 17112 (62%)aumentados-neutrofilia (2.500-12.500)
linfócitos:7452 (27%)aumentados-linfocitose (1.500-7.000)
eosinofilos:2760 (10%)aumentados-eosinofilia (100-750)
monócitos:276 (1%)normal (50-850)
com moderada presença de linfócitos reativos.
contagem plaquetária: 410.000.
Aconselhado a realização de RAIO-X de seios nasais e receitado rinofluimucil nasal e sessões de inalação.
Quatro meses animal voltou com quadro severo, piora do quadro, presença de secreção nasal purulenta e dificuldade respiratória.
Aplicado antibiótico CONVÊNIA +Bissolvon.
Realizado HEMOGRAMA;
SÉRIE VERMELHA mais uma vez não demonstrou alterações
e as proteinas plasmáticas totais ainda altas, no valor de 8,6g/dl (6-8g/dl).
Série branca,
contagem total de leucócitos:9.200/mm3 (5,5-19.500/mm3)
e no diferencial
única alteração observada foi
eosinófilos:920 (10%)-aumentados mais uma vez
contagem plaquetária.555.000/mm3.
Protozoários do gênero Giardia são parasitos flagelados que habitam o trato intestinal de uma ampla variedade de espécies de vertebrados, listados entre os patógenos gastrintestinais mais importantes na Clínica Médica de Pequenos Animais (PORTELLA, et al,2001). A giardíase é uma zoonose freqüente em animais de companhia, embora haja pouca informação sobre sua prevalência em cães e gatos no Brasil (SMITH,et al,1996;MARTINS,et al,2006). A espécie mais estudada, Giardia intestinalis (sinonímias: G. duodenalis; G. lamblia) infecta, além de cães e gatos, outras espécies de mamíferos, inclusive seres humanos.
Cistos (formas infectantes) são eliminados juntamente com as fezes e podem permanecer viáveis por vários meses em ambientes úmidos (BARR,2006). A transmissão é fecal-oral e a infecção de um hospedeiro em potencial pode ocorrer pela ingestão de água, alimentos ou fezes contendo cistos (DUBEY,1993;REY,2001;BARR,2006). Nos gatos, o período pré-patente varia de 5 a 16 dias (BARR,2006).
O sinal clínico mais comum da giardíase é intestinal, com eliminação de fezes pálidas, de consistência diminuída ou aquosas e fétidas. As diarréias podem ser agudas, crônicas ou intermitentes (GULLAHORN,2000;SOUZA,et al,2003). Entretanto, os animais podem se tornar portadores assintomáticos, eliminando cistos continuamente e, portanto, mantendo o ambiente rico em formas infectantes (DUBEY,1993). Gatos adultos raramente apresentam manifestação clínica da infecção, ao contrário de filhotes ou jovens imunocomprometidos ou mantidos em grupos (BARR,2006).
No Brasil o diagnóstico laboratorial da infecção é realizado rotineiramente por exames coproparasitológicos (VAN KEULEN,et al,2002;ARAUJO,et al,2005) e, como a liberação de cistos nas fezes é intermitente e sua identificação difícil, estima-se que a presença da infecção seja erroneamente diagnosticada (DUBEY,1993;REY,2001;DECOCK,2003;SOUZA,et al,2003).
As dermatofitoses dos cães e gatos constituem zoonoses de importância, uma vez que estes são, dentre os animais domésticos, os que mantêm mais estreito contato com as crianças, altamente susceptíveis a esses processos (COSTA et al., 1994).
Os dermatófitos que mais freqüentemente infectam os animais são o Microsporum sp e o Trichophyton sp. Esses gêneros podem ser divididos em três grupos com base no habitat natural: geofílico, zoofílico e antropofílico. Os dermatófitos geofílicos, normalmente habitam o solo. Os dermatófitos zoofílicos, tornaram-se adaptados aos animais e apenas raramente são encontrados no solo. Os dermatófitos antropofílicos, tornaram-se adaptados aos humanos e não sobrevivem no solo (MULLER et al., 1996).
Em cães e gatos, dermatófitos zoofílicos como Microsporum canis e Trichophyton mentagrophytes e dermatófitos geofílicos como Microsporum gypseum são os mais comuns (WILLEMSE, 1998).
A dermatofitose é uma doença extremamente contagiosa, não apenas entre os animais, mas também dos animais para o homem. O contato direto com os artrosporos e hifas é o modo de transmissão (WILLEMSE, 1998). Os dermatófitos são transmitidos por contato com pêlo e caspa infectados ou com elementos fúngicos nos animais no ambiente ou fômites (MULLER et al.,1996).
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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