quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

HIPERPLASIA ESPLÊNICA.CAN.POODLE.MACHO.10 ANOS

O proprietário relatou que o animal estava apresentando emese de cor amarelada nas últimas duas semanas.
Mucosas estavam normocoradas,não tinha dor à palpação,não apresentava febre,estava se alimentando bem, brincando normal.
Foi então realizado um HEMOGRAMA,
na série vermelha:
Hemácias: 8,4 (5,7-7,4milhões/mm3)
Hemoglobina:18,3 (14-18g/dl)
Hematócrito:55 (38-47%)
Proteinas totais:7 (6-8g/dl)

Na série branca:
Leucócitos totais:9.100 (6-16.000)
segmentados 7371 (81%)
linfócitos 1092 (12%)
eosinófilos 364 (4%)
monócitos 273 (3%)
e discreta presença de neutrófilos tóxicos.
e plaquetas estavam 121.000

Por a série vermelha estar aumentada, e o animal vomitando há duas semanas verificou-se que o animal estava desidratado e então foi submetido a fluidoterapia com glicose,vitaminas.

Foi feito também um US onde verificou-se o baço com tamanho normal sendo que na região da cabeça havia a presença de uma formação de contorno regular, com ecogenicidade reduzida (2,08x1,78cm).

Foi aconselhado uma cirurgia de esplenectomia.
No dia da cirurgia foi feito contagem plaquetária, de resultado 114.000mil/mm3

Após a cirurgia foi feito um imprint de um dos nódulos do órgão e enviado os nódulos para histopatologia.

No imprint foram observados grande quantidade de pequenos linfócitos, em diferentes fases de maturação.
Presença de plasmócitos, pouca quantidade de neutrófilos.macrofagos tambem foram observados.
Não foram observados sinais de malignidade.






No laudo histopatológico foram observados folículos linfóides hiperplasiados e coalescentes contendo linfócitos em diferentes fases de maturação e no interior dos folículos depósito de material eosinofilico, de entremeio aos foliculos evidenciou-se presença de plasmócitos, neutrófilos em pouca quantidade e grande quantidade de plasmócitos contendo corpusculos de Russel.Macrofagos tambem foram observados, em região adjacente ao tecido esplênico observam-se extensas áreas de congestão, hemorragia e presença de macrofagos contendo pigmento acastanhado.
concluindo-se: COMPATÍVEL COM HIPERPLASIA NODULAR ESPLÊNICO.

Uma semana após a cirurgia foi repetido o hemograma para controle.
O qual na série vermelha foi de:
Hemácias: 6,2 mil/mm3
Hemoglobina:13g/dl
Hematócrito:39%
Proteinas totais:6g/dl

Na série branca:
Leucócitos:8.300 mil
segmentados.5810 (70%)
linfócitos. 1411 (17%)
eosinofilos. 664 (8%)
monócitos. 415 (5%)
e agora as plaquetas que antes estavam 114.000 foi para 700.000


Nesse campo pode-se observar mais de 40 plaquetas!!!

É o maior dos órgãos linfáticos e faz parte do Sistema Retículo-Endotelial, participando dos processos de hematopoiese (produção de células sangüíneas), e hemocaterese (destruição de células velhas, como hemácias senescentes - com mais de 120 dias). Tem importante função imunológica de produção de anticorpos e proliferação de linfócitos ativados, protegendo contra infecções, e a esplenectomia (cirurgia de retirada do baço) determina capacidade reduzida na defesa contra alguns tipos de infecção. É um órgão extremamente frágil, sendo muito suscetível à ruptura, em casos de trauma ou ao crescimento (esplenomegalia) em doenças do depósito e na hipertensão portal.
O órgão se caracteriza por duas funções, a linfóide e a vascular, formando a polpa branca ou polpa lienal que é composta por folículos linfáticos, circundados pela polpa vermelha (wikipedia).

O baço representa um grande reservatório de linfócitos e exerce importante papel na formação de anticorpos, em especial a IgM, e pela síntese de fatores de complemento, sendo responsável por 25% a 30% da função fagocitária do sistema mononuclear fagocitário. (PETROIANU; NETO, 2006).
O baço possui uma capacidade de armazenamento significativa. Ocorre uma contração esplênica em resposta a estresse (exercícios, perda sangüínea, excitação) com uma elevação resultante no volume sangüíneo (BIRCHARD; FINGLAND,1986).
De acordo com DAY; et al., (1995), em diferentes doenças esplênicas investigadas a patologia mais encontrada e calculada em um relato de caso baseado em 87 cães, foi a de hemangiossarcoma com 38 casos, restando hiperplasia nodular benigna com 6 e hematoma com 16 casos, incluindo ainda hemorragia, congestão, hematopoiese extramedular e deposição de hemosiderina em 4 cães.
A hiperplasia pode ocorrer devido a uma reação antigênica e resposta a agentes
infecciosos como bactérias, rickettsias, protozoários e fungos, também pode resultar de uma série de doenças inflamatórias sépticas ou assépticas. Citologicamente há um aumento do número de macrófagos, plasmócitos, linfoblastos e pequenos linfócitos. Embora haja um predomínio de pequenos linfócitos, há também um aumento discreto de linfócitos médios e grandes. Há grandes agregados de estroma reticular com vários mastócitos e aumento da hemossiderose com grânulos escuros grosseiros (RASKYN & MEYER, 2003).
A esplenectomia é indicada no caso de torção esplênica, ruptura de baço, esplenomegalia sintomática ou massas esplênicas. O valor da esplenectomia é questionável em cães com distúrbios sangüíneos imunomediados, como no caso de
uma esplenomegalia causada por linfoma e em animais com leucemias. A esplenectomia é contra-indicada em pacientes com hipoplasia da medula óssea em que o baço é o principal sítio hematopoiético (COUTO & HAMMER 1997).
Lopes et al. (2006), em seu trabalho com cães parcialmente esplenectomizados observou diminuição significativa do hematócrito desde as 48 horas até 168 horas após a cirurgia. COUTO & HAMMER (1997) relataram que a diminuição média do hematócrito permaneceu pelo menos 15% abaixo dos valores de controle ao longo de seis meses posteriores à esplenectomia total. A diminuição do hematócrito após a esplenectomia provavelmente se deva à remoção do reservatório esplênico de eritrócitos (COUTO & HAMMER, 1997; POPE & ROCHAT, 1996).

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